Por Regina Racco

Nossa vida sexual, desde muito cedo, foi cercada por tabus: o modo diferente de se orientar meninos e meninas, a super valorização de gestos naturais, a vigilância dos pais. O diz que diz das comadres... Crescemos mergulhados nesse verdadeiro turbilhão de conceitos e preconceitos. Portanto, é natural que dúvidas se acumulem. O que não devemos é nos acomodar e vivermos com elas. Buscar informações nos esclarece e torna a vida bem mais prazerosa.
Entre mitos e erros, a masturbação pode ser considerada a preferida pelos nossos educadores familiares. Quero crer que, hoje, já não seja assim. Que pais procurem orientar-se antes para passar para os filhos uma informação mais precisa. O extenso repertório de sandices começava com o clássico: “Quem se masturba fica cego.” E ficávamos olhando, no colégio, meninos que usavam óculos e imaginando que se tratassem de masturbadores furiosos.

Meninas, não. A repressão era tanta que meninas não se tocavam porque era feio e sujo! Mas, na calada da noite, meninas se tocavam, sim, e quantas não dormiam envergonhadas, por estarem pecando. Hoje, tudo isso ficou relegado ao passado (espero!), menos o mal que tudo isso gerou em quem viveu essa situação... É hora de mudar conceitos, buscar a verdade e viver melhor.

A melhor forma de auto-conhecimento do seu corpo e dos seus pontos eróticos é justamente a masturbação. Tocar-se, aprender, através das sensações, o que seu corpo gosta e repetir esse aprendizado com seu (sua) parceiro (a). Incentivá-lo (a) a fazer o mesmo. Vocês podem e devem ter o melhor no campo sexual. Mas, assim como na música, só haverá perfeição se existir harmonia. Assim também em nossa vida e, no sexo, não é diferente.

Quando estamos harmonizados e vibrando na mesma sintonia, o prazer é naturalmente intenso. Os homens, por sua anatomia e a permissividade que sempre tiveram, apresentam menos problemas no que se refere à masturbação. Destaco algumas dúvidas que me enviam sempre: casados que gostam de se masturbar, especialmente sozinho, e não sabem se é errado ou se é possível perder a libido por se masturbar constantemente.

A resposta para essas perguntas é evidentemente não, embora eu os aconselho, quando casados, a buscar sempre envolver a parceira em seus jogos eróticos. Será mais prazeroso e benéfico a ambos! Mas desejar ter alguns momentos só seus não é errado de forma alguma. E esse homem deveria se preocupar somente se o desejo por sua parceira tenha acabado e ele sentisse prazer apenas consigo. Nesse caso, talvez devesse buscar ajuda para entender o que se passa; talvez já não ame sua esposa; o casamento está em crise etc.

As queixas das mulheres são sempre voltadas à dificuldade de obter o prazer no relacionamento com os parceiros. A mulher, que nunca se masturbou, terá que “aprender” a se tocar. Falo sempre no uso de um espelho para conhecer seu maravilhoso órgão de prazer. Comece olhando-se, busque alguns primeiros contatos, explore externa e internamente toda a região genital e, aos poucos, vá tocando aqui, ali.

Massageie no ritmo que der mais prazer. Logo a natureza liberta fará o resto... A mulher poderá usar também um pequeno vibrador ou massageador, que aumentará a sensibilidade. Mas vá com cuidado. O clitóris é um órgão sensível e, em algumas mulheres, quando estimulado em excesso, torna-se amortecido, bloqueando a sensação. Nesse caso, basta interromper por alguns minutos o estímulo, e sua sensibilidade voltará. Portanto não se assuste se isso acontecer com você.

Casais, levem a masturbação para as preliminares. O auge da confiança que pode e deve ser desenvolvida entre ambos será quando vocês conseguirem masturba-se um frente ao outro. Parece absurdo? Experimente um dia. Mas antes descubra em você o prazer que se encontra adormecido. Como? Não aceitando mais viver limitadamente! Masturbação é conhecimento do corpo e do prazer ao seu alcance! Não se negue essa experiência.

Por Regina Racco que é shiatsuterapeuta e trabalha com a técnica de Pompoarismo para mulheres e homens desde 1993.
www.pompoarte.com.br