Por Regina Racco

Não existe? Não você, talvez um outro, quem sabe um primo, algum amigo. Homem frágil? Nunca ouvi falar... Hei, isso não é coisa de mulher? Lógico que sim! Mulheres são inteligentes o suficiente para saber que podem e devem externar seus sentimentos, se estão alegres, sorriem, se estão tristes, choram como crianças e pedem colo! Mas o homem não, o homem tem que ser forte, invencível...

Bem, graças a Deus, esse conceito remanescente de uma época em que se educava os filhos homens como se fossem sobre humanos - “menino não chora”, “isso não é coisa de homem” -, já é passado. Restam resíduos, que ainda atrapalham um pouco, estão ocultos e aparecem quando menos esperamos e causam dor, aumentando ainda mais os problemas que desencadearam a crise.

Homem chora, sim, fica deprimido, sim, e quer colo, sim. E isso não o diminui e nem desmerece. E, acredite, o homem que expõe os seus sentimentos atravessa seus momentos de crise com muito mais facilidade e não raro com a ajuda de sua parceira. Tenho visto crises que poderiam ser negativas que se transformarem em um fator positivo de maior aproximação em sua vida afetiva e familiar.

Mulheres são mães. Seu instinto protetor fará com que ela saiba proteger e consolar, colocar no colo e acariciar seu homem quando ele precisar, nos momentos em que estiver se sentindo fragilizado pelo excesso de trabalho e obrigações. Confortável com o apoio e carinho, ele, homem, acabará por sair rapidamente de uma fase assim, sentindo-se renovado por saber-se entendido e apoiado pela mulher amada.

Mas para que isso aconteça, é preciso que ele saiba pedir, que deixe transparecer que não está bem, que peça o colo que está necessitando. A maioria dos homens, quando vivem uma crise assim - provocada principalmente por cansaço excessivo, decepções profissionais, enfim, coisas normais e que não poderemos fugir porque acontecem em nosso dia-a-dia -, ao invés de externar o que está sentindo, acaba por se sentir enredado pelos resíduos remanescentes da “criação masculina” e se fecham em seu próprio mundo, deixando aflitas as pessoas que o amam e que não sabem o que realmente está acontecendo.

Ou partem à procura de substitutos para o seu mal estar, longe de casa e do verdadeiro apoio que poderia ter se procurasse a compreensão da pessoa amada. Nesse momento, até mesmo o sexo - ou principalmente o sexo - fica prejudicado. Como achar virilidade e desejo se o que se quer, na verdade, é descansar a cabeça em um colo macio e quem sabe chorar um pouco? Pense, talvez, nesse momento, você esteja lendo essa matéria e achando graça. Afinal é difícil para alguém que nunca agiu assim pensar em fazê-lo.

Eu realmente espero que crises não aconteçam em sua vida, mas se acontecerem, tente - pelo menos, tente - mudar um pouquinho seu modo de reagir a ela. Procure o apoio de sua parceira, mostre que está atravessando um momento difícil, peça carinho e tenho certeza absoluta de que essa será a menor crise pela qual você terá passado.

E melhor: vocês sairão dela fortalecidos e muito mais unidos. Acredite. Lembre-se: a melhor forma de proteção que temos para nossa saúde física e emocional é aprender a compartilhar com quem amamos nossos sentimentos e expectativas, sucessos e fracassos. Tudo que vivemos e que conta a nossa história e que só depende de nós, caminhar sempre para um final feliz.

Por Regina Racco que é shiatsuterapeuta e trabalha com a técnica de Pompoarismo para mulheres e homens desde 1993.
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