Por Regina Racco

Nada nos é dado gratuitamente. Pagamos um preço - e bom preço - por todas as nossas conquistas. Em prol de benefícios, temos obrigações e abrimos mão de algum prazer ou comodidade... Assim é a vida, a nossa vida. Aprender os novos códigos e conseguir nos posicionar diante dos desafios garantem a nossa sobrevivência a cada dia.

O acúmulo de obrigações e a correria que se tornou parte de nosso cotidiano acabou por interferir em nosso íntimo. Se, antes, tínhamos problemas bem específicos, como a impotência, a frigidez, a ejaculação precoce, hoje temos um fantasma assustador e cada dia mais comum, atacando indiscriminadamente homens e mulheres: a inapetência sexual.

Exatamente isso, inapetência. Não está ligado a nenhum problema físico nem amoroso. Conheço casais absolutamente apaixonados que sofrem desse mal. Acontece em nosso íntimo, silenciosamente, aos poucos, nenhum sintoma, nenhum alarme que possa sinalizar a sua proximidade e suscitar uma reação de nossa parte.

Todos temos uma agenda muito mais importante que a nossa agenda física, comprada a cada início de ano: a nossa agenda mental. É ela que nos diz o que é realmente importante em nosso dia-a-dia e é aí que, se observarmos com atenção, é possível perceber que a inapetência se instalou.

Basta observarmos em que grau de importância o amor e o relacionamento se encontram entre todos os nossos afazeres diários. Faça a sua análise particular. Deveria vir em primeiro lugar... Eu disse deveria. Porque quando estamos bem e felizes em nossa vida amorosa, recebemos uma carga extra de energia que podemos usar em todos os outros aspectos de nossa vida.

Isso é real e verdadeiro, mas curiosamente (tristemente) deixamos sempre que outras obrigações se sobreponham ao nosso prazer. Quando falo em relacionamento, não estou me referindo a um casamento ou mesmo a um romance. Mesmo só nesse momento, ainda assim, o prazer, a satisfação amorosa deveriam estar em primeiro lugar.

- Como, Regina, se estou só? - Se está com vontade de me gritar essa frase, acredite, não estou brincando. Podemos estar sós e, no entanto, estarmos posicionados de forma aberta e receptiva a um novo relacionamento, assim como se estivéssemos sinalizando com uma setinha verde. Mas, se estamos sós e o nosso prazer encontra-se soterrado abaixo de 20 itens mais importantes em nossa vida, é como se estivéssemos sempre mantendo uma luzinha vermelha de ocupado...

Nada mais eficaz para afastar qualquer coração que queira se aventurar... Porém o pior é vivido pelos casais acometidos desse mal. Para eles, a dor é mais intensa porque, embora sem verbalizar, cada um acaba adquirindo uma dessas duas posturas negativas diante do processo: ou se sentem culpados pelo desinteresse pelos parceiros ou se sentem magoados com o desinteresse que sentem nos parceiros.

Ou a posição de vítima ou a posição de culpa ou ainda (casos extremos) o pior: ambos nem percebem o fantasma que se instalou entre eles, deixam os dias correrem, as estações se sucederem e acabam virando meros conhecidos que dividem a mesma cama. Antídoto? Solução? Estar atento ao seu íntimo, não deixar que a velocidade dos acontecimentos o faça perder o controle interno, as suas prioridades.

Aos casais que me confidenciam esse problema, aconselho a voltar a namorar. Isso mesmo! Isso está além do “sexo selvagem”, das técnicas especiais para o amor - embora cientes do valor que elas têm e de como podem auxiliar o casal a sair da rotina. Falo em namorar mesmo. Mãos dadas, sorvete na praça, cinema, brincadeiras, reviver os velhos apelidos, inventar novas formas de sedução... Enfim, acordar para a necessidade de se valorizar e valorizar quem você ama. Fazendo isso, com certeza, você se livrará do fantasma que falamos e garantirá muito, mas muito mais prazer à sua vida.

Por Regina Racco que é shiatsuterapeuta e trabalha com a técnica de Pompoarismo para mulheres e homens desde 1993.
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