Por Elisabeth Noél Ribeiro

Eles podem ser jovens solteiros, não tão jovens mas solteiros, separados e até mesmo viúvos. Estão por aí: alguns na noite, em festas, bares e outros - mais tímidos e reservados - nos cinemas de arte, livrarias, passeando num shopping, em casas de amigos ou em suas próprias casas (cavernas?!) assistindo a um bom vídeo.

Todos, entretanto, têm um traço em comum: não gostam de admitir sua carência. Não admitem, sobretudo, a hipótese de capitular e dizer que gostariam muito de encontrar alguém interessante para ser sua parceira fixa. Mas, no fundo, no fundo, é certamente o que mais gostariam! E, o que estão à procura... Culturalmente, foram adestrados a pensar que ficar junto é aprisionar-se!

Os mais jovens estão cansados de guerrear, como dizem eles. Guerrear é a difícil tarefa de sair e ficar num canto, copo na mão, avaliando o mercado feminino e aproximar-se para o que poderá ser mais uma tentativa frustrada de encontrar alguém em quem valha a pena investir...

Os solteiros, não tão jovens, dizem ter feito várias investidas e, na média, entre acertos e erros, acham que ainda é necessário continuar tentando. Mas, fazem sérias reservas ao universo feminino atual...

As mulheres estão muito independentes.

As mulheres são todas bandidas, não dá prá confiar...

As mulheres só querem se dar bem, pensam logo em casar.

E por aí vão os comentários amargos e desqualificantes sobre as mulheres... Isto não os impede, porém, de que à cada nova pessoa que conheçam, apareça uma empolgação em alto nível e que seu mecanismo de sedução seja logo ativado para tentar conquistá-la... Quem sabe, agora, dá certo?

Os divorciados mostram, muitas vezes, sua carência assim que se separam. Parecem querer recuperar o tempo perdido e saem, num louco frenesi, de bar em bar e, de festa em festa... É natural que isto aconteça e à esta fase, segue-se uma mais calma quando começam a pensar mais seriamente em fixar-se e partir para um novo relacionamento. Afinal, dizem eles, casamento não é a pior coisa do mundo! E é até bem bom chegar em casa à noite e ter alguém com quem conversar, jantar, transar...

E os viúvos? Alguns deles também passam pela fase da empolgação pela liberdade, depois de um período longo e sofrido de luto pela perda da companheira. Mas, por já terem experimentado o lado bom de um relacionamento ou mesmo por precisarem de uma ajuda para criar seus filhos, em algum momento eles retomam os planos de juntar-se novamente. São os que menos tempo passam na luta entre a carência e a retomada de uma vida à dois.

Os homens relutam quanto à depender de uma mulher. Elas estão mesmo diferentes, mais exigentes e autônomas, o que os assusta e afasta... A realidade, entretanto, mostra que viver à dois é bem melhor que a solidão de um vídeo à frente de um balde de pipoca... Ou, ainda, o acordar ao lado de alguém que não tem nada a ver com o que imaginaram na noite anterior...

O medo excessivo de comprometer-se vem deixando os homens com fobia ao envolvimento.

- Acham que não vão dar conta de manter financeiramente um relacionamento.

- Acham que sofrer à dois é muito pior que sofrer sozinho.

- Acham que o estrago de uma separação deixa seqüelas difíceis de recuperar.

Sabemos que se uma pessoa decide permanecer sozinha ou se prefere entrar para o mundo dos casados, talvez depois se sinta frustrada com as restrições de sua escolha. Isto faz parte da natureza do ser humano: uma permanente dose de insatisfação...

Homens carentes: independente das perdas que encontrarão na escolha feita, arrisquem! Uma das maneiras de ficarem mais satisfeitos com a decisão de ficar à dois é tentar equilibrar os aspectos positivos do estar juntos com o esforço para evitar as possíveis desvantagens de ficar um carente eternamente à procura...

Está feito o desafio! Ou preferem mesmo permanecer nas suas cavernas silenciosas com um balde de pipoca ao lado, um vídeo na TV e uma companhia eventual nas noites que a carência apertar muito?!