Viver na night não é fácil... Você fica meio p. da vida a semana inteira porque não rola ir no sertanejo na quarta, nem no Privilège na quinta, nem mesmo pegar uma guerrinha na W Ultra Lounge ou no Cultural, porque tem que acordar cedo no dia seguinte (e chegar no trabalho com "cara de ontem" de novo não rola...

Aí chega na sexta (pode ser sábado tb) e faz "aquela" produção, com direito a escova, chapinha, maquiagem e o clássico dilema: "Ai, meu Deus! Que roupa eu vou colocar???". Sim, porque não há salário que banque um guarda-roupa que não acabe se repetindo na night.

Pra não ficar de mau humor, você é obrigada a vestir o pretinho básico ou arriscar aquela blusinha da semana retrasada com a saia da semana passada e fingir que tá tudo certo.

Durante essas duas horas você já recebeu dezenas de telefonemas de amigas igualmente desesperadas: "com que roupa vc vai", "eu vou de carro, vc quer carona?", "será que o Leo ou o Rafinha vão tb?", "vamos passar antes no Colina só pra ver quem tá lá?". (de lei!!!)

Enfim, vcs chegam na boate e se deparam com uma pequena fila de um quarteirão. Nessa hora, alguma alma genial diz "Ih, tá bombando, vamos dançar muito, beber todas e quem sabe dar uns beijos na boca" (nessa ordem, até porque pegar um carinha, nessa etapa da noite, ainda NÃO é prioridade).

Depois de uns 15 minutos tentando furar fila, achar alguém conhecido ou arrumar um conchavo com o segurança que já conhece a tua fuça, você e a galera conseguem entrar. Nessa parte, a educação fica em casa, né?
Bem, todos correm pro bar, e escolhem entre Miller, uísque ou Red Bull. Ou tudo junto. E todos suuuuuper felizes...
Até que o Dj manda aquela música do momento, aquela que faz a mulherada toda correr já meio que dançando pra pista. A cena é clássica: aquele bando de mulher, de olhos fechados, cantando a merda da música como se fosse o momento mágico da vida delas.

Ah! Alguma tem que soltar a pérola "Cara, eu aaamo essa música.." (outra versão: "Cara, não acredito, a minha múúúúsica"). Tudo muito bom até então, só que é sinistro demonstrar toda a alegria de estar ali, no meio da muvuca, sendo esmagada.

Mas a noite só começa quando alguém dá a idéia de ir ao bar ou ao banheiro, o que é um eufemismo para "vamos dar uma olhada em quem de bom está aqui". Afinal, a noite promete. Mas já não é tão fácil chegar ao balcão, pois a fila de 1 quarteirão que estava lá fora, já andou e agora todos estão lá dentro. Vc se esmaga, pede licença, berra e finalmente o barman te enxerga e traz a sua bebida. Lá vão vocês novamente para a pista.

Nisso, pelo menos 2 amigas já se perderam ou foram rebocadas por algum carinha. E então você sai na captura de um homem esteticamente viável para aquela noite ma-ra-vi-lho-sa. Com sorte, pode ser que lá pelas 3 horas da manhã você encontre algum que ainda não tenha beijado ninguém (tá bom então...) e venha falar com você.
É óbvio que nem você e nem o cara estarão em condições de exigir muito... Enquanto ele faz o breve interrogatório básico você examina o "produto" e verifica - se for capaz- o grau de alcoolismo do rapaz... Se o cara mandar aquela clássica: "Posso te beijar?", aí, minha filha, você é quem sabe... A sorte está lançada.

Sempre tem aquela que "apela mas não zera". Você pode ser uma delas, se quiser. Se você ficar com o cara e for na moral, vocês engatarão uma conversinha, dançarão, etc. Agora, se for ruim... Aaaahhhh! Um dos dois some rapidinho com a desculpa de procurar um amigo ou então ir ao banheiro desesperadamente. Aí, você pode ter certeza que não se encontrarão mais ou então quando se encontrarem, já estarão com outra pessoa. Muito normal.. (se bem que qq mãe iria ficar chocada com essa descrição).

Lá pelas 4 horas da matina, vc já passou sua consumação e agora procura um cantinho para sentar porque a merda do salto tá te matando. Suas amigas conseguiram desaparecer (ou será que foi você quem se perdeu?). Tanto faz, no final vocês sempre se encontram mesmo. Aí você está lá sentada e vem outro mala, ou então não vem ninguém e você se deprime pois acha que ninguém te acha gostosa...

Você se levanta e vai procurar as amigas. Nisso, encontra uma delas com um cara que tinha chegado em você 15 minutos atrás... Beleza, guerra é guerra. Ou você apela p/ aquela figurinha repetida ou se conforma e fica dançando quando todo mundo já se arranjou. Eis que todos reaparecem, visivelmente chapados.
Vocês se abraçam, como se não se vissem há um ano - é o álcool faz as pessoas ficarem mais carinhosas, digamos assim. Uma metade recomeça a dançar, a outra chapa no sofá, em cima da mesa, ou apoiada no balcão do bar. Eis que o Dj solta aquele forró de fim de noite e como ninguém está em condições de fazer "dois pra lá dois pra cá", alguém tem a excelente idéia e ir embora.

Os garçons limpam as mesas, tentando espantar os clientes e vocês continuam lá, firmes e fortes. Chega a hora de pagar... Sabe aquela fila de 1 quarteirão que estava lá fora? Agora está ali dentro, tentando se aproximar do caixa. Vocês agüentam mais uns 35 minutos na fila e se desesperam ao ver a conta.

"Foda-se!!!", pensam todos de uma só vez. Vocês saem falidos, mas felizes, pois no dia seguinte sabem que darão muita risada lembrando dessa grande noite (“grande noite?). Embora ninguém tenha arrumado um namorado (mas, também, que lugar para se procurar, né?), uma sai mais contente do que a outra, com o telefone e e-mail do cara que ficou, crente que ele ligará no dia seguinte e vocês iniciarão um lindo e longo romance...
Fala sééééério!!!