Sobre o perdão
Para superação dos conflitos interpessoais e intrapessoais a partir do paradigma da terapia familiar sistêmica considera- se que esses têm como lugar de origem o meio familiar, “lugar de criação e de sucessão para as gerações humanas “(Murray Bowen). Entende-se que a forma que cada pessoa tem de se relacionar consigo e com o mundo é apreendida principalmente em suas interações primárias. Assim, suas percepções, formas de lidar com obstáculos, formas de amar, odiar e perdoar têm em sua base o contexto familiar.
Ao longo da vida, as pessoas não se apercebem das influências que o padrão relacional (forma repetitiva para reagir às situações de vida e aos relacionamentos) estabelecido na família de origem interfere em suas escolhas e decisões.
A tomada de consciência é o primeiro passo no sentido de desatar os nós que dificultam o seu processo de diferenciação e realizações.
Estudos relevantes, (Hope, 1987; Smedes, 1984; Linn. 1978), sobre o perdão, têm apontado seus efeitos favoráveis sobre a saúde mental e satisfação conjugal (Fenell, 1993., Desta forma, muitos terapeutas clínicos começaram a usar o perdão nos ambientes clínicos, demonstrando a sua relevância potencial (Freedman & Enrigth, 1996).
De acordo com o dicionário Michaelis a palavra perdão significa “conceder perdão, absorver, remitir (culpa, dívida, pena, etc.)”.
Ao se associar o trabalho da terapia de casais com o processo do perdão enfatizam-se a interdependência e o interpessoal. Retomam-se as histórias familiares, seus padrões relacionais e influências nos conflitos atuais.
Dentre os benefícios do perdão, podemos citar que as expressões sinceras de quem sofreu o ato da transgressão e o arrependimento de quem o realizou podem ter efeitos positivos sobre os relacionamentos. As pessoas que expressam perdão ou arrependimento também podem obter benefícios mentais e físicos pessoais de suas ações. Essas comunicações sinceras favorecem uma percepção mútua de que a dívida está cancelada e as pessoas ficam libertas para seguir em sua vida.
Na Terapia Familiar sistêmica os rituais constituem instrumentos valiosos para se vencer esta etapa.
O pedido de desculpa e o perdão não levam à reconciliação automática. A reconciliação exige intenso investimento, ou seja, comportamentos pró-sociais: deixar de censurar, aceitação de responsabilidade e ações reparadoras. (McCullouh et al, 1997).
Perdoar é um ato de decisão e uma atitude que potencializa a energia da vida.
Norma Emiliano
http://pensandoemfamilia.com.br/
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