Por Natália Lott

Eu adoro coisas antigas e cheias de história. Neste fim de semana fui ajudar a arrumar uma casa antiga da família e me diverti fotografando móveis antigos, descobrindo coisas escondidas e esquecidas décadas, separando e embalando peças que poderiam servir de lembrança para outros primos que moram longe. (Gosto tanto de coisas antigas que acabei trazendo para casa uma pedra, uma concha e um monte de botão velho desparelhado! Vai saber o que eu vou fazer com tanta “quinquilharia”? rsrsrs)

Mesmo a gente tendo cuidado, muita coisa acaba se deteriorando com o tempo. Imagina só se a gente não tivesse cuidado? Veio à memória uma teoria chamada “Teoria das Janelas Partidas”. Resumidamente, ela diz que se algo está fora do lugar ou quebrado e ninguém coloca de volta no lugar ou conserta, tudo o que está por perto vai acabar também saindo do lugar ou estragado. (Entenda melhor aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Teoria_das_Janelas_Partidas) É uma reação em cadeia no comportamento das pessoas que vivem neste ambiente.

Fiquei pensando em nossas cidades, que acabam sendo como essa casinha de família: com o tempo, as coisas acabam estragando, principalmente se ninguém cuidar. Esse cuidado vem de coisas simples, como não jogar papel pela janela do carro nem chiclete no passeio do parque, e vai até a preservação do patrimônio histórico, artístico e cultural (que não vou entrar em detalhes aqui. Mas deixo aberto o espaço dos comentários para os amigos especialistas da área, ta? Fiquem à vontade!). E acaba que a gente compara as nossas cidades com as cidades estrangeiras, não tem jeito. O fato de tudo estar sempre limpo, organizado, preservado nos passa uma sensação tão boa que dá vontade de mudar correndo para aquele lugar, sem nem reparar nos problemas que os gringos têm (e olha, não são poucos, viu? Basta olhar com calma os noticiários. Mas, pelo menos, eles podem sair para pensar em seus problemas sem se preocupar em prestar atenção para ver onde estão pisando, hehehe).

Curiosamente, essa Teoria das Janelas Partidas foi testada em dois bairros da Califórnia, nos EUA - um rico e um pobre - e, por incrível que pareça, foi comprovada nos dois. (Leia aqui: www.contandohistorias.com.br/historias/2006551.php). Ou seja, não é um problema brasileiro, muito menos socioeconômico. Talvez o problema aqui no Brasil esteja em começar a organizar a bagunça.

Voltando à casinha antiga, naquela calçada brinquei muitas vezes de roda, cantei muitas vezes a cantiga “Se essa rua fosse minha” (Olha que linda essa versão: http://youtu.be/4bvP075pDog ). Na época, repetia a letra sem entender direito, mas hoje entendo que o sujeito da canção tinha intenção de cuidar, da melhor maneira possível, daquela rua, se ela fosse dele (tudo bem que era por causa de um amor, mas o que vale é a intenção).

Ah! Se essa rua fosse nossa... Mas, perái, será que não é?

Natália Lott é arquiteta, publicitária e light designer por formação, fotógrafa por vocação e escritora por intuição. 

Pesquisa a luz, as cores e seus efeitos na arquitetura, na comunicação e na fotografia; trabalha com fotografia institucional e conceitual.

Contato: about.me/natalialott