Se é que ainda dá tempo!
No artigo “Tirem a mão do meu cupuaçu” que escrevi para esta coluna, falei sobre o problema da Amazônia e a monopolização estrangeira. Não é novidade para ninguém! O que nem todo mundo sabe é que isso vem se arrastando desde a independência. A gula da cobiça estrangeira pelos recursos da área é antiga, principalmente dos Estados Unidos.
Quando os norte-americanos completaram a conquista do Oeste, incorporaram a Califórnia e anexaram o Texas, isso lá por volta de 1850, na época da guerra contra o México, passaram a ampliar sua ambição de conquista a todo o hemisfério. O general James Weber solicitou de dom Pedro II autorização para assentar negros na Amazônia. Teve o pedido negado. Passados quatro anos Washington reiterou o pedido que novamente foi negado. Antigamente os políticos brasileiros tinham amor à pátria e juízo na cabeça. Bem antes disso, por volta de 1866, Tavares Bastos um conhecido político da época apoiou os norte-americanos quando eles pleitearam a livre navegação nos rios do Vale. Acho que aí começou o desapego político-brasileiro em prol de interesses próprios. Eu disse “acho que começou...”.
A pressão para a abertura dos rios era fundamentada no “interesse científico”. Algo parecido com a suposta proteção aos índios que hoje acontece na Amazônia. O interesse não é na qualidade de vida dos índios e sim na qualidade e quantidade das riquezas locais. O Peru, hoje comandado pelo ermano Ollanta Humala foi o primeiro a abrir as pernas, literalmente falando!
Os Estados Unidos assinaram acordo com o Peru, que lhes abria os portos fluviais. Resumindo: O acesso ao território brasileiro pelo Pacífico. O acordo estendia aos Estados Unidos a vigência de tratado, assinado antes com o Brasil, que reconhecia aos peruanos o caminho fluvial para o Atlântico pelo Amazonas. Em seguida, os ianques obtiveram dos bolivianos a licença para cursar os rios Madeira e Mamoré, sem que o Brasil fosse ouvido. Entenderam a jogada? Nos passaram a perna, meio que “sem querer querendo” !
Temos que bater palmas para o gaúcho Plácido de Castro e para o pulso político do Barão do Rio Branco quando impediram o plano dos norte-americanos que com o apoio dos bolivianos e do presidente Theodore Roosevelt, resolveram criar um Estado independente na região, através do Bolivian Syndicate. Existia resistência, políticos sérios, patriotismo, existia o Brasil nos corações de nossos governantes. Chego a pensar que o auge do amor à Pátria existente nos altos cargos do governo brasileiro se resume a um final de copa do mundo, isso se nossa seleção estiver na final, o que não aconteceu na última copa, com a lavada de 7x1!
O que vemos hoje é uma ocupação quase que completa. Contingentes norte-americanos estacionados em países fronteiriços ao Brasil se valendo do apoio dos europeus e com o suposto propósito ecológico para a internacionalização da Amazônia.
A justificativa é sempre a mesma: O interesse ecológico! O que acho estranho é que essas cruzadas não tentam ocupar a China, a fim de obrigá-la a restringir suas emissões de carbono na atmosfera, não tentam ocupar as tundras e as taigas da Sibéria, que com 13 milhões de quilômetros quadrados, constituem o mais extenso ecossistema do planeta. É tão importante quanto o do cerrado e da floresta tropical brasileira. Claro! Mesmo depois da queda do Muro de Berlim os russos possuem mísseis, muito míssies, o suficiente para desencorajar os aventureiros. E a China? Quem vai lá com tantas armas nucleares?
Penso que deveríamos agradecer aos que “fraternalmente” querem nos ajudar e dispensar o favor, evitando assim o saqueio da biodiversidade, dos diamantes, do ouro e dos minerais raros. Proibir a ação dos antropólogos e missionários que pregam abertamente a "independência" de povos indígenas, como os Ianomâmis. Ocupar com nossos contingentes militares os pontos estratégicos da Amazônia Brasileira enquanto ainda existem índios vivos e enquanto ainda podemos usar o termo “Amazônia Brasileira”.
Temos que abrir os dois olhos porque em terra de cego, quem tem um olho não é Rei, é caolho! Se continuarmos neste marasmo só existirão duas saídas para o Brasil: Ou Galeão ou Cumbica!
Antonio de Padua (Padinha) - Fotógrafo, diretor do site O Click e colunista nas horas vagas! :-)
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