Por Claudia Nunes

Certa tarde, me peguei relutando nas minhas conjecturas, enfim, filosofando sobre o modo de pensar e agir do ser humano.
Quantos atos insanos as pessoas podem fazer em todos os âmbitos para se ferir, ferir outros ou mesmo ferir o meio em que vivem. Cheguei à conclusão de que tudo é muito pessoal... Já explico: Pense bem, sua vida, suas experiências, o meio em que vivemos, nos torna seres humanos com visões distintas. Por exemplo, para alguns uma questão como desmatamento de uma floresta pode ser algo sem muita importância, em contra partida pode parecer um assassinato insano para muitas pessoas, porque é uma questão de sobrevivência das criaturas que aqui vivem, e muitos ainda crêem que como não são eternos, que se virem as futuras gerações.

Outra questão é em relação aos preconceitos raciais, religiosos, políticos, esportivos, sexuais, que são pontos polêmicos nas relações humanas. Pessoas acham e desacham, mandam e desmandam segundo favoritismos, segundo as pessoas que estão se relacionando, segundo o momento que estão vivendo, ou mesmo crendo que como a pior parte fica com os excluídos, que tudo pode se danar. É tipo: o problema é deles, então porque ficar a favor, se pode ficar contra, mas se acontece uma situação no seu quintal, então a coisa vira e a complacência se volta como alívio para tais pecados. A questão de visão diferente tem que ser bem estruturada, para que várias coisas possam ser aceitas, digeridas, e o bem possa sobrevir. Vi uma realidade pura e crua, assim pude entender como pessoas podem aceitar uma guerra, seja ela qual for, interior ou mundial.

Até mesmo nas pequenas coisas podemos perceber isso. Analisando assim, podemos tomar como exemplo uma simples leitura de um livro. Uma vez vendo uma entrevista do Gabriel Garcia Marques, fiquei intrigada quando escutei que ele, nada menos que “ele”, descobriu que podia escrever tudo que escreve a partir do momento em que leu Metamorfose de Franz Kafka, e viu o mundo se abrir, e passou a escrever todo o seu legado literário, que subjetivamente considero magnífico e superior ao Kafka. Questão de visão, Garcia Marques me abre um mundo que foi aberto por Kafka, que certamente foi inspirado por outro, que foi por outro, num ciclo sem fim de influência e trocas, então tudo parece louco e sem sentido, mas o resultado é lindo!

Na questão dos relacionamentos, também funciona mais ou menos por este sentido, se nos entregamos totalmente a outra pessoa, corremos dois riscos: um de sermos ridículos (já percebeu que quando estamos apaixonados ficamos meio que bregas?), ou então corremos o risco de colocar nossa felicidade nas mãos de quem não sabemos o que esperar, já que cada um tem um mundo formado por suas próprias experiências, não sabemos o que esperar na verdade íntima e pessoal de outro. Este é um preço que temos que pagar: sofrer ou viver. Tudo fica na dependência de como vamos caminhar e achar o rumo para lidar com o posicionamento e gostos de alguém.

Sabemos que gosto, opiniões e time de futebol, cada um tem um, mas matar ou morrer, parece ridículo aos meus olhos. Porque não acreditar nas pessoas e nas coisas que podem acontecer, de uma forma positiva e sincera? Tell me why? Medo, incerteza, loucura da vida...

Enquanto isso na sala da justiça continuo meus questionamentos solitários e solidários de um modo global, para me integrar na humanidade, para me tornar mais humana e acessível a tudo que acontece e que não posso compreender por hora.

Claudia Nunes