A loucura
Por Claudia Nunes
Por muitos dias e noites fiquei pensando que a loucura e a insanidade são reconfortantes.
Visto que na idade das crianças, ela é permitida, já que criança é uma criatura completamente livre de medos e responsabilidades de seus atos, penso que ser criança é ser um louco tolerável e um caminho para a felicidade.
Em idade avançada a loucura também é permissível, é só observar como os velhos são duas vezes crianças, voltam à infância e tornam-se senis. Esquecem os medos, só lembram de coisas distantes de sua vida atual e são felizes como meninos que correm livres pelas ruas.
Durante muito tempo em nossas vidas viver torna-se difícil e indigerível. Não consigo conceber uma vida plena de felicidade como tantos fazem questão de demonstrar por todos os lados para todo mundo ver.
Ainda tem gente cínica o bastante que considera que o sofrimento deve ser uma coisa bem lá do íntimo e que não devemos partilhá-lo, senão a vida não anda. Equívoco purinho, só quem sofre de verdade quer enlouquecer, parar o mundo e descer. Gritar como os loucos, para cessar a dor.
A moria (loucura em grego), por muitas vezes é generosa demais com as pessoas, pois loucura é irreflexão e esquecimento, já que na vida todos escolhemos mais pela paixão que pela razão estamos fadados aos caminhos mal escolhidos e a desilusão.
Gostaria que as pessoas entendessem que não faço apologia a loucura para viver melhor, mas creio que de vez em quando devemos enlouquecer, desvairar e seguir a diante para dias melhores que com certeza virão.
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