Depoimentos a Micheline Alves

Conversei com três mulheres que conheceram seus parceiros on-line. Sabe o que elas acharam? O máximo! Você acredita em amor virtual? Até pouco tempo atrás, estas três mulheres, cujas histórias contamos a seguir, responderiam não a essa pergunta. Mais do que isso: elas tinham até um certo preconceito contra aqueles que preferiam trocar os encontros olho no olho por horas diante do computador. A história mudou quando elas encontraram suas caras-metades na grande rede mundial.

A jornalista Christina conheceu seu atual namorado por acaso durante uma conversa pelo ICQ, um programa de troca instantânea de mensagens. Estão juntos há oito meses. Com a designer Renata, a história foi um pouco diferente: ela passou a trocar e-mails com um desconhecido porque tinha um amigo em comum. Namoram desde o Carnaval, quando se viram pela primeira vez.

Já com a servidora pública Marília, o destino não agiu sozinho: ela foi atrás da internet justamente para conhecer pessoas. E conheceu - mais de uma, aliás. Entre as vantagens apontadas por elas está o fato de você primeiro conhecer a pessoa por dentro, suas idéias, seu jeito de pensar. E só então saber como ela é fisicamente. Todas afirmam ter sentido tal intimidade com seus parceiros que jamais imaginaram que eles pudessem estar mentindo. Mas é fato que os riscos existem. Por isso, antes de se encantar com o romantismo dos três relatos, dê uma olhada nas dicas de um psicoterapeuta para que essa modalidade de namoro não seja uma cilada.

As vantagens

Além de facilitar o contato com as pessoas - existem milhares de salas de bate-papos, cheias de gente ávida por fazer novas amizades, a internet garante o sigilo de quem está falando. Protegidas sob seus pseudônimos, as pessoas falam abertamente sobre tudo o que sentem vontade e procuram mostrar o que têm de melhor.

Outro ponto forte é que ao escrever estamos estimulando a imaginação do outro. Com apenas algumas dicas, a pessoa pode fantasiar o que quiser e a sedução fica ainda mais fácil. A comunicação via rede também faz com que as pessoas se sintam mais protegidas. Não é todo mundo que tem coragem de abordar um paquera num bar, por exemplo. No aconchego do nosso lar, tudo fica mais confortável.

Também há quem aponte como vantagem o fato de você conhecer primeiro o conteúdo da pessoa, para depois ver o lado físico, ao contrário da vida real, em que a aparência é o primeiro elemento para que haja interesse. Mas isso só vale até conhecer a pessoa pessoalmente. Afinal, toda a conversa escrita não vai ter a menor importância se a apresentação ao vivo não agradar.

As desvantagens

Para começar, sempre existe o risco de o príncipe encantado da tela virar um sapo na hora do encontro real. E isso acontece não só quando ele está mal-intencionado. Mesmo que o rapaz tenha dito a verdade, é pessoalmente que se conhece alguém de verdade. Entra a aparência, o jeito de vestir, o cheiro, o toque, o beijo. Nessa hora, o cara que a encantou com palavras lindas e bem redigidas pode se revelar um mala sem alça, na melhor das hipóteses.

Outro risco é você se empolgar tanto com a internet que os encontros reais passem a ser menos importantes. As vezes a pessoa tem uma lista interminável de amigos virtuais, mas não aprofunda o vínculo afetivo com nenhum deles. Nesse caso, o computador não é uma ponte, mas um esconderijo. Nada substitui o olho no olho. Um abraço de verdade vale muito mais do que dias e dias em chats. Dez paqueras virtuais não têm o valor de um beijo, bem real.

Como não cair numa cilada

Enquanto vocês ainda estão na fase virtual, preste atenção se seu paquera tenta esconder informações. Se é só você quem se abre e fala de tudo enquanto o rapaz foge de certas perguntas, desconfie. E corte o papo.

Nunca passe do bate-papo direto para o encontro ao vivo. Se os encontros virtuais ficaram tão freqüentes e interessantes que você já espera ansiosa a hora de se falarem de novo, proponha conversar pelo telefone. E fique esperta: jamais dê o número do trabalho. Primeiro, porque o escritório não é lugar para resolver esse tipo de assunto. Segundo, porque, sabendo onde você trabalha, ele pode muito bem descobrir tudo sobre você - sem que você queira. Dê o telefone de casa e estabeleça um horário adequado para ele ligar.

O primeiro encontro deve ser marcado necessariamente num lugar público, de preferência à luz do dia. Sugira um almoço num restaurante da moda, um passeio durante a tarde. Para a primeira vez, essas opções são mais seguras do que baladas noturnas.

Mesmo que ele seja lindo de morrer e você caia de paixão, saia com ele pelo menos quatro vezes antes de decidir se realmente quer levar o relacionamento adiante. Existe uma escala de intimidade: primeiro, vocês teclam, depois se falam por telefone, depois marcam um almoço, um cinema, e conversam muito... só então podem pensar em ir à casa um do outro, conhecer a família, os amigos etc. Não tenha pressa, para não se decepcionar.

Lembre que conhecer uma pessoa de verdade leva tempo. Só porque vocês passaram horas conversando pelo computador e saíram juntos algumas vezes, não dá para achar que já o conhece intimamente. Em qualquer paquera, as pessoas se mostram do jeito que acreditam que as outras esperam. Só convivendo, negociando, enfrentando conflitos é que se cresce num relacionamento. Pensando bem, isso vale para qualquer romance!