Amor do Passado Pode dar Certo
Por Mariana Costa Mendes
"Paixão antiga sempre mexe com a gente, é tão difícil esquecer", diz uma música do Tim Maia. Se você reencontrou um ex e ainda sente algo por ele, um friozinho na barriga, atração, saudades, boas notícias. Retomar um relacionamento que não foi em frente no passado pode dar mais certo que entrar em um novo. É o que diz um estudo da Universidade do Estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Nancy Kalish, psicóloga e autora da pesquisa, comparou casais americanos normais com outros que estavam em sua segunda tentativa. Dá para ter uma idéia do sucesso dessas relações pelo índice de divórcio. Enquanto no primeiro caso chega aos 50%, com os ex-namorados cai para 1,5%. Ela entrevistou mais de 1.000 pessoas que retomaram relacionamentos antigos e concluiu que essas uniões tendem a ser mais duradouras porque esses casais já perderam seu par uma vez e não querem experimentar esse sentimento novamente.
O que passou é idealizado
A nostalgia é um dos sentimentos que estão por trás dessas novas tentativas. "Os amores da juventude são mais intensos, usam menos a razão. A entrega é maior", diz a psicóloga Regina Polite, do Instituto de Terapia Familiar de São Paulo. Logo, se não pode ser levado até o fim, o sentimento fica como uma lembrança bem viva. Se houver a possibilidade de vivê-la novamente, as emoções que estão ligadas a elas voltam. É mais ou menos como olhar um álbum de fotografias e sentir saudade do que foi fotografado. Fica a vontade de voltar ao passado. E reviver um amor do passado pode ser o mesmo que entrar nessa máquina do tempo.
Hoje é menos comum
Dado importante da pesquisa: os casais avaliados tiveram suas relações interrompidas por algo que estava além da vontade dos dois. Uma das famílias não permitiu o namoro, alguém se mudou para uma cidade distante ou algo do tipo. A relação não se esgotou sozinha, como acontece com a maioria. "Hoje, esses retornos já não são muito comuns porque os adolescentes não são tão reprimidos quanto no passado", explica a psicóloga e psicoterapeuta Marilene Krom.
Interesse deve ser mútuo
Um longo período de separação ou o acaso também tem a ver com essas reaproximações bem-sucedidas. Nesse tempo, cada um dos dois viveu outros relacionamentos, teve experiências diferentes, amadureceu em aspectos diversos, ficou mais tolerante. Até aí, nada garante que é só voltar e ser feliz para sempre. Para dar certo, os dois têm que estar realmente dispostos a reatar. Não adianta forçar a barra de um lado só. A atração e o interesse têm que vir dos dois lados. Por isso é que sair correndo atrás de um ex de quem você se separou há pouco tempo não adianta. "Muitas pessoas se confundem e acham que um velho namorado é seu grande amor só porque não conseguiram concretizar a relação", diz Marilene. Nesse caso, tentar de novo poderia até valer a pena. Ao menos seria uma oportunidade de resolver o que ficou no ar e finalmente partir para outra de peito aberto. "Não são poucas as vezes que vivemos relações com os corações ocupados por amores não esquecidos", explica Ailton Amélio da Silva, professor de relacionamento amoroso do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
Entenda que ele mudou
Se depois de experimentar, vocês descobrirem que o amor ainda existe para valer (ou ainda rola uma paixão), a possibilidade de viver uma relação mais madura e com mais chances de seguir em frente é maior. Mas nada de entrar nessa esperando o mesmo homem que conheceu há cinco, dez, quinze anos atrás. O amor pode ser o mesmo, mas você mudou e ele também, com certeza. O namorado pode ser o mesmo, mas a situação, o momento e as histórias que cada um têm para contar são diferentes. E o sucesso dessa vez pode estar justamente nessa diferença.
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